As plantas nativas são indispensáveis para a manutenção da saúde ambiental e sustentam a vida no Brasil, conectando ecossistemas, cultura e tradições. Presentes nas florestas, cerrados e campos, elas não só dão forma às nossas paisagens, mas também garantem a sobrevivência de inúmeras espécies e comunidades. Em nosso primeiro artigo de blog, vamos explorar o que são as plantas nativas, seu papel na proteção da biodiversidade, os desafios que enfrentam e como a Nativas Brasil está atuando para conservar esse patrimônio natural. Leia até o final!
O que são plantas nativas?
As plantas nativas são a base estrutural e funcional dos ecossistemas brasileiros, desempenhando um papel insubstituível na manutenção da vida e na regulação dos processos naturais que sustentam o planeta. São protagonistas de uma complexa rede de interações ecológicas, que vão desde a polinização e a dispersão de sementes até a proteção do solo, regulação do ciclo hidrológico e garantia da qualidade do ar.
No Brasil, país reconhecido mundialmente por sua megadiversidade, as plantas nativas representam um patrimônio biológico de valor incalculável. Elas são parte integrante de todos os biomas, sustentando a fauna silvestre e comunidades que dependem delas para sua subsistência.
Nosso país possui 44.779 espécies catalogadas, naturalizadas e cultivadas, representando 22% da flora mundial. Dessas, 5.044 são espécies de Algas, 1.620 de Briófitas, 1.421 de Samambaias e Licófitas, 122 de Gimnospermas e 36.572 de Angiospermas.
Essas espécies independem de intervenção antrópica, ocorrendo naturalmente em todo território nacional. São adaptadas às condições ambientais de onde são encontradas, fornecendo alimento e habitat para a fauna local. Biomas como a Mata Atlântica, a Amazônia e o Cerrado abrigam milhares dessas espécies, muitas das quais são endêmicas, ou seja, só existem nessas regiões.
Nativas, exóticas ou invasoras: Como classificar uma planta na natureza?
As plantas não ocupam um ecossistema de forma aleatória. As nativas, como o ipê-amarelo e o pau-brasil, são fruto de milhares de anos de evolução e adaptação para viver harmonicamente em um determinado ambiente. Já as plantas exóticas são espécies trazidas de outros lugares, seja por acidente ou intencionalmente. Essas plantas, como a mangueira, originária da Ásia, foram introduzidas em novos ambientes, muitas vezes para atender a demandas agrícolas ou ornamentais.
No entanto, algumas exóticas se tornam invasoras, um problema sério para os ecossistemas. Essas plantas se proliferam de forma descontrolada, competindo com as nativas por recursos como luz, água e nutrientes. A leucena, introduzida no Brasil na década de 1940, é um exemplo emblemático: forma densos aglomerados que impedem o crescimento de outras espécies, alterando o solo e reduzindo a biodiversidade local.
A competição com espécies invasoras resulta em mudanças nas estruturas das comunidades invadidas e diminuição da biodiversidade em escalas locais. Ou seja, a introdução de espécies sem critério pode desequilibrar ambientes inteiros!
O potencial econômico das plantas nativas
Sim, somos detentores de uma grande riqueza, que nasce em solo brasileiro e precisa ser valorizada!
As plantas nativas, além de pilares ecológicos, também representam uma fonte de riqueza ainda pouco explorada. Sabemos que muitas espécies nativas possuem valor econômico comprovado, como por exemplo, o açaí (Euterpe precatoria), que gera mais de 40 milhões de reais em receita para o país; a castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa), que é um produto emblemático da Amazônia, responsável por gerar renda para milhares de famílias e movimentar anualmente mais de 2,3 bilhões por ano.
Outras espécies, além de amplamente utilizadas na culinária, também são matéria-prima para a produção de óleos, como o pequi (Caryocar brasiliense), típico do Cerrado, e para a indústria de cosméticos, devido suas propriedades hidratantes e anti-inflamatórias, como o buriti (Mauritia flexuosa) e a andiroba (Carapa guianensis).
Além disso, plantas como o ipê-amarelo (Handroanthus spp.) e a quaresmeira (Pleroma granulosum) são cada vez mais demandadas em projetos de paisagismo urbano e recuperação de áreas degradadas, bem como no reflorestamento e reconstituição de reservas legais ou APP (Áreas de Proteção Permanentes) ou como passivos ambientais. Essas e outras espécies também são muito utilizadas em sistemas produtivos, SAF e silvicultura, impulsionando o mercado de mudas nativas.
No entanto, apesar desse potencial, muitas espécies ainda são subutilizadas, e apenas uma fração das plantas nativas com valor econômico é explorada de forma sustentável. Portanto, representam uma grande oportunidade para o desenvolvimento de cadeias produtivas que podem aliar conservação ambiental e geração de renda.
Conheça nossos produtores associados:
Se você está em busca de mudas e sementes de plantas nativas para projetos de reflorestamento, paisagismo ou pesquisa, a Nativas Brasil reúne produtores especializados e comprometidos com a qualidade e a sustentabilidade. Clique aqui para conferir a lista completa de associados e encontrar o fornecedor ideal para suas necessidades.
Principais ameaças
Apesar de sua importância, as plantas nativas do Brasil enfrentam diversas ameaças que comprometem a sobrevivência de suas espécies e a riqueza da flora nacional. O desmatamento lidera como a principal ameaça, impulsionado pela expansão agrícola, pecuária e exploração madeireira. Essas atividades destroem habitats, fragmentam populações e reduzem a biodiversidade. Espécies madeireiras valiosas, como o pau-brasil e o mogno, sofrem com a exploração ilegal, resultando na drástica redução de suas populações.
Além disso, as queimadas, frequentemente utilizadas para limpar áreas para agricultura ou pastagem, devastam a vegetação nativa, incluindo espécies raras e ameaçadas. A introdução de espécies exóticas invasoras, como a jaqueira (Artocarpus heterophyllus), por exemplo, representa outra ameaça significativa. Além de competirem por recursos com as plantas nativas, levam ao declínio ou à extinção de algumas delas, desequilibrando os ecossistemas locais.
A extração ilegal de plantas para fins comerciais, como o xaxim e o palmito-juçara, contribui para a redução das populações nativas e compromete sua capacidade de regeneração. E, claro, não poderíamos deixar de mencionar as mudanças climáticas, com suas alterações nos padrões de temperatura e precipitação, impõem desafios adicionais à adaptação das plantas nativas, tornando-as mais vulneráveis a doenças e eventos climáticos extremos.
E por fim, a urbanização descontrolada e a construção de infraestrutura, como estradas e hidrelétricas, resultam na perda e fragmentação de habitats naturais também.
Ufa! São muitas as ameaças que impactam as plantas nativas, não é mesmo? A falta de fiscalização eficaz e a impunidade em relação aos crimes ambientais perpetuam este ciclo de destruição, tornando a conservação da biodiversidade brasileira um desafio cada vez maior.
A Nativas Brasil e a conservação das plantas nativas
A Nativas Brasil, atua na linha de frente na conservação dessas espécies! Dedica-se a fortalecer a produção de mudas e sementes de espécies vegetais nativas, com o objetivo de restaurar ecossistemas brasileiros. A associação reconhece os produtores como fundamentais para a recuperação de áreas degradadas e para o desenvolvimento da silvicultura com espécies nativas. O foco principal é expandir o fornecimento de mudas e sementes, assegurando qualidade e diversidade genética para projetos de restauração.
Atuamos como um elo entre os produtores e órgãos governamentais, além de empresas privadas, buscando influenciar políticas públicas que favoreçam o uso de espécies nativas.
Ao facilitar o diálogo entre os diferentes atores envolvidos na restauração ecológica, a Nativas Brasil defende os interesses dos produtores e busca soluções colaborativas para os desafios enfrentados pelo setor.
Acreditamos no potencial das espécies nativas para revitalizar paisagens e fortalecer a biodiversidade, trabalhando por meio de parcerias estratégicas para promover um futuro mais verde e equilibrado para o Brasil.
Se interessou pelo nosso trabalho? Entre em contato aqui e saiba como se tornar um associado.
Autor: Juliana Cuoco Badari e Kleyton Camargo – Greenbond Conservation